A vida é apenas para ser vivida

Pedro Henrique Bertti Cruz
4 min readJan 29, 2021

Como Allan Watts, Buwoski e um filme da Pixar “Soul” se relacionam e nos trazem uma reflexão tão complexa.

Charles Bukowski (esquerda), Alan Watts (centro) e cartaz do filme “Soul” (direita)

7 de janeiro, começo de 2021 as 01h26 da madrugada de quinta-feira. Noite meia insônia, meia reflexiva e o universo em conspiração para eu escrever, me expressar e liberar toda essa agitação, todo esse turbilhão de pensamentos.

Horas antes, via os stories no Instagram da minha prima (Carol) querida em que ela comenta sobre o novo filme da Pixar “Soul” — indicação minha pois lembrei dela e vocês vão entender logo a seguir. De imediato, uma correnteza de pensamentos flui na minha “cachola” e para tentar me distrair começo assistir um jogo da NBA, depois navego no YouTube, até que me deparo com um vídeo do canal Epifania — “NÃO TENTE”, e mais uma vez lembro da mesma prima e compartilho no WhatsApp esse incrível vídeo.

Pela minha surpresa, a Carol me responde na hora! Para quem não a conheço, ela é o tipo de pessoa maravilhosa que te responde nas mídias sociais depois de 1 semana (no mínimo) e mais uma vez observo esse sinal de tentar dormir e escrever — pego meu caderno e caneta e cá estamos.

Momento de liberar a minha reflexão maluca em 3…2…1…” A vida é como uma música, nos apenas temos que dançar conforme ela toca, nada mais, nada menos, apenas dançar e ponto”. Me recordo do Alan Watts ao escrever essa mensagem (talvez seja dele). Essa frase pode parecer bem simples e fácil de entender, mas leia novamente com mais calma e se aprofunde no seu significado tão complexo.

Desde o primário, entramos na escola e já começamos a estudar para ir bem e tirar notas altas nas provas e passar de ano. Aos 17 anos, se tudo correr bem, você deve escolher o que irá fazer da vida, qual deve ser o teu PRÓPOSITO?! E relacionamos isso com o trabalho — ser engenheiro, médico, empresário, advogado…Agora pare por um segundo e questione: para que entrar nesta roda? Será que realmente devemos nos perguntar qual o nosso PRÓPOSITO de vida? Esse propósito tem que ser uma profissão?

No inspirador filme da Pixar “Soul” (caso não tenha assistido, pare de ler agora, veja e depois retorne a leitura) a rebelde alma 22 não se interessa por nada que os humanos fazem na Terra. Após MUITOS anos, por acidente ela encarna na pele do protagonista Joe Gardner e começa a experienciar as coisas mais simples como correr, saborear e se deliciar com uma pizza e apenas observar o céu e como as folhas caem, como é lindo o reflexo do sol nas árvores e toda a Natureza ao nosso redor. Para mim, isso é a vida e o que deveríamos esperar de nós quando vivemos — apenas viver e observar a beleza das nuvens, o sabor de uma comida ou escrever um texto de madrugada tão reflexivo que quase ninguém leia rs — sem nenhum grande PRÓPOSITO na vida, sem criar EXPECTATIVAS e COBRANÇAS para si mesmo. Não faça o que fazes para ser o melhor e ganhar muito dinheiro com isso, apenas observe e conheça essa vontade interna e as realize.

Charles Bukowski, famoso escritor e conhecido de maneira carinhoso como velho safado, escreveu durante 50 anos livros sobre bebedeiras, vício com jogos, mulheres e afins — muitos deles autobiográficos. Na sua lápide, as palavras escolhidas foram: “NÃO TENTE”. Pode parecer pessimista e novamente peço lhes para ler de novo com as características de Bukowski na mente. Ainda parece lhe parece depressiva essa frase? Não é bem assim.

Apesar de Charles ter vários defeitos e ele sempre os deixou muito claro em suas publicações, desistência nunca foi uma delas. Rejeitado diversas vezes, continuou por amor a escrever e as impactantes últimas palavras de sua vida eternizadas de frente em seu caixão (NÃO TENTE) podem ser mais bem explicadas em uma de suas cartas enviada para o seu amigo William Packer: “Nos trabalhamos demais. Nos tentamos demais. NÃO TENTE. Não trabalhe. Está lá. Está olhando diretamente para nós, ansiosamente aguardando para pular do ventre fechado” — Charles Bukowski.

Para ele (e eu) escrever é uma necessidade, é uma arte que escolhe você e não você a escolhe, muitos suprimem isso e se moldam no meio, ao que a sociedade e (talvez) os pais e avos os dizem. Sem ouvir a seu coração e a sua alma, em uma vida ligada no automático.

Não deveríamos aos 17 ou aos 30 anos ter que optar por algo, esse algo vai ser despertar dentro de nós e se mostrar na nossa frente como uma luz tão irradiante e tentadora que será impossível não a seguir. Será como beber água, uma função primordial para sobreviver e continuar a vida. E caso consiga ignorar tudo isso (duvido que consiga), a chance de viver sem tesão por estar vivo será enorme.

Pode parecer maluco esse texto, relacionar Alan Watts com Bukowski e um filme da Pixar. Relendo depois de terminar, admito esse louco e longo texto, mas o que quero dizer é algo bem simples: “A vida é apenas para ser vivida”.

Pronto, agora posso ir dormir.

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Pedro Henrique Bertti Cruz

Fotógrafo, designer, aprendiz Yogi e reikiano. O que faço aqui em uma plataforma de textos? Outra paixão não profissional — escrever, refletir e compartilhar!